O G1 conversou nesta segunda (1) com dez líderes políticos eleitos ou reeleitos, da base aliada e de partidos de oposição. Pediu a eles uma avaliação do resultado da eleição, perguntou quais serão os principais desafios e dificuldades da presidente eleita e como deverá ser a relação do futuro governo com a oposição. Confira abaixo as respostas.
AVALIAÇÃO DO RESULTADO DA ELEIÇÃO | |
---|---|
Beto Richa (PSDB) governador eleito do PR | "Prevíamos que seria uma eleição difícil em função da grande popularidade do presidente Lula. Ele usou isso a favor da sua candidata e conseguiu transferir votos. Não conseguimos superar essa grande força do presidente na campanha. Aceitamos de forma democrática, vamos respeitar o resultado." |
Tarso Genro (PT) governador eleito do RS | "É uma vitoria do projeto representado pelo presidente Lula. Eu compartilhei com ela [Dilma] este projeto durante sete anos e houve uma enorme acolhida das camadas populares do país, o que permitiu à maioria da população receber a candidatura dela como representativa deste projeto." |
Jutahy Júnior (PSDB-BA) deputado federal reeleito | "É a vitória do pragmatismo contra valores imateriais. Temos um sentimento de melhoria da qualidade de vida. O risco de vitórias como essa é que elas são baseadas em resultados concretos. Você não tem uma transformação da sociedade, tem uma constatação. Se houver crise econômica, esse capital político some." |
Tião Viana (PT) governador eleito do AC | “Este é um momento de reconhecimento do povo brasileiro com a história de Lula, com as mudanças especiais que o Brasil tem passado no governo Lula e uma transferência de confiança para que essa mudança possa ser levada à frente por Dilma.” |
Roberto Freire (PPS) deputado federal eleito | "Terminou eleição, e ela foi vitoriosa. Damos os nossos cumprimentos e vamos cumprir com o que determinou a sociedade. Estaremos na oposição cumprindo aquilo que é constitucional." |
Valdir Raupp (PMDB) Senador reeleito | "Foi uma vitória interessante. Os avanços que o Brasil teve nos últimos anos prevaleceram na vontade do eleitor que quer ver continuar este trabalho de avanços sociais." |
Rodrigo Maia (DEM) deputado federal reeleito | "Temos que respeitar. Temos uma diferença menor em relação às eleições de 2002 e 2006, mas infelizmente havia um sentimento da sociedade de manutenção desse ciclo. Na política, esses ciclos geralmente duram oito anos, no máximo, 12 anos." |
Renato Casagrande(PSB) Governador eleito do ES | "É um fato histórico, a primeira mulher eleita neste país, para ajudar a romper preconceito e mostrar a grandeza da democracia brasileira. É a vitória do presidente Lula mesmo porque vai garantir a continuidade do trabalho dele." |
José Luiz Penna (PV) deputado federal eleito | "É uma vitória legítima. A gente tem que ver isso como um avanço da democracia. Nós torcemos muito para que houvesse dois turnos. Houve dois turnos, e a sociedade teve mais tempo para discutir." |
Ivan Valente (PSOL) deputado federal reeleito | "É a vitória do continuísmo do governo atual, embora eu acho que sem a mesma empolgação, a mesma adesão que foi o governo Lula. Por outro lado, a oposição de direita no Brasil fez uma campanha muito ruim porque tentou ganhar rebaixando o debate político mais ainda." |
DESAFIOS E DIFICULDADES DE DILMA | |
---|---|
Beto Richa (PSDB) governador eleito do PR | "Poder garantir os avanços conquistados pelo país e tocar pra frente. Não sabemos como fica a situação da economia mundial porque até então tinham ventos favoráveis, e ela tem que estar preparada para isso. E ter autoridade suficiente para ter uma boa relação com o Congresso." |
Tarso Genro (PT) governador eleito do RS | "Os principais desafios são políticos. O pacto federativo precisa ser revigorado e não será sem uma reforma política e uma reforma tributária que una a população e acabe com a situação de estados de primeira e de segunda classe." |
Jutahy Júnior (PSDB) deputado federal eleito
| "Você não sustentará esse padrão de consumo com déficit crescente em contas externas, juros mais altos do mundo e real supervalorizado. Essa combinação sempre gerou crises no Brasil. Tem que reduzir o déficit fiscal brasileiro, e isso implica perda de popularidade." |
Tião Viana (PT) governador eleito do AC | “O Brasil tem enormes desafios. Diminuir as diferenças entre as regiões, a erradicação da miséria e fazer avanços consistentes na educação e na saúde são alguns deles. Quanto a barreiras, acho que a maior é a relação com parte dos meio de comunicação que têm sido muito conservadores, particularmente com o PT.” |
Roberto Freire (PPS) deputado federal eleito | "O que dissemos sobre a sua capacidade permanece. Vamos aguardar. Como eu não quero o pior para o país, espero que ela esteja à altura de ser uma presidente da República." |
Valdir Raupp (PMDB) Senador reeleito | "O Brasil tem três gargalos na área social: saúde, educação e segurança. Acho que nas áreas de segurança e da saúde é preciso fazer um pacto federativo com estados e municípios para enfrentar estes problemas." |
Rodrigo Maia (DEM) deputado federal reeleito | "Tem questões emergenciais como o novo marco regulatório do petróleo e a economia com o câmbio brasileiro chegando num patamar e inviabilizando a indústria brasileira. (...) O grande desafio dela vai ser, com perfil diferente do presidente Lula e com popularidade inicial menor, conseguir colocar seu próprio estilo e mostrar à sociedade que é um governo de continuidade." |
Renato Casagrande(PSB) governador eleito do ES | "Vai ter que ter capacidade de se assessorar e se cercar de pessoas com capacidade de diálogo. (...) O Lula, com sua força e carisma, conseguia segurar os defeitos de seu governo. Ela ainda não tem a força política do presidente. Terá que ser mais eficiente do que ele para enfrentar grandes dificuldades. (...)." |
José Luiz Penna (PV) deputado federal eleito | "Os grandes desafios são as reformas. Este adiamento constante, entra governo e sai governo, vai levando o país a uma situação em que todos sabemos que precisamos fazer as reforma política, fiscal e outras e elas não acontecem. É preciso encarar isso." |
Ivan Valente (PSOL) deputado federal reeleito | "A dificuldade maior se situa na questão que é a de administrar este condomínio de partidos políticos acostumados ao fisiologismo, ao clientelismo, ao uso da máquina que pode levar a exigências descabidas e denúncias de corrupção." |
RELAÇÃO ENTRE GOVERNO E OPOSIÇÃO | |
---|---|
Beto Richa (PSDB) governador eleito do PR | "Cabe ao PSDB de cumprir seu papel de oposição responsável e não sistemática do 'quanto pior melhor'. (...) Espero que possamos ter uma relação republicana. Não vejo dificuldade [no diálogo], já que a presidente estendeu a mão, de fazer um trabalho de oposição respeitoso, apontando erros e indicando caminhos." |
Tarso Genro (PT) governador eleito do RS | "A derrota do Serra e o esvaziamento da parte mais radical do DEM possibilita a abertura de uma negociação de alto nível com setores do PSDB, a meu ver liderados pelo senador Aécio Neves, e com parlamentares representativos para os quais interessa reforçar a democracia. A fase de radicalidade da disputa política já passou." |
Jutahy Júnior (PSDB) deputado federal reeleito | "Cabe à oposição cumprir seu papel de fiscalizar e cobrar as promessas que foram apresentadas na campanha. (...) Acho que tem que ter um relacionamento na oposição. O diálogo se dá dentro no Parlamento, através das lideranças do governo e da minoria." |
Tião Viana (PT) governador eleito do AC | "A oposição vai precisar tomar atitudes porque vai precisar se reciclar. A oposição viveu oito anos do governo Lula com raiva e não em um comportamento à altura dos valores democráticos. Por isso, com certeza haverá mais diálogo agora." |
Roberto Freire (PPS) deputado federal eleito | "O diálogo já é normal na democracia, não tem [diálogo] maior nem menor. Uma coisa que tem que ficar bem clara é que, na democracia, um tinha que ser vitorioso. O outro vai cumprir seu papel, tão importante quanto o do governo, que é fazer oposição." |
Valdir Raupp (PMDB) senador reeleito | "Acredito que haverá mais diálogo. Neste governo que está terminando a oposição foi mais forte do que a que vai entrar agora, tinha uma representatividade maior. Não creio que agora a oposição seja mais dura do que foi no governo Lula." |
Rodrigo Maia (DEM) deputado federal reeleito | "Estamos à disposição para discutir os projetos e vamos votar a favor do que o partido entender ser positivo para o país. Esse é o nosso limite. Acho que nem ela nem o Democratas têm interesse que a relação passe dessa linha. (...) A oposição tem que ter liberdade para criticar e fiscalizar o governo." |
Renato Casagrande governador eleito do ES | "Num primeiro momento do governo, a oposição é mais sensível ao diálogo. E um dos líderes da oposição, o Aécio Neves, é uma pessoa de diálogo. [Dilma] Deve aproveitar esse primeiro momento se quiser fazer mudanças mais profundas e estruturantes." |
José Luiz Penna (PV) deputado federal eleito | "Acho que a Dilma vai ter que dialogar. A maioria dos governadores é de oposição. O Congresso tem maioria governista, mas não é uma maioria muito confortável, o que é bom, porque vai ter que abrir um processo de negociação em alto nível." |
Ivan Valente (PSOL) deputado federal reeleito
| "Tem dois tipos de oposição a este governo. O nosso vai ser de uma oposição programática, de esquerda, ideológica, enquanto que a coligação que concorreu à Presidência, de PSDB, DEM e PPS, fará uma oposição mais conservadora, como mostraram na campanha." Fonte G1 |
0 comentários:
Postar um comentário